sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Filho de Juiz e Filho de Prefeito Integram Gangue do "Marista é Nosso"

O filho de um juiz de direito  e o filho de um prefeito de uma cidade da grande Goiânia, integram um grupo formado por jovens estudantes de Goiânia que levou terror a adolescentes em setores nobres como Marista, Bueno e Oeste. 

Os integrantes do grupo denominado “MN”, iniciais para “Marista é Nosso”, percorriam ruas desses bairros e shopping centers caros, como Bougainville e Goiânia Shopping agredindo violentamente com chutes, tapas e socos adolescentes menores.

A alusão a “Marista” se deve ao Colégio Marista, um dos mais caros e tradicionais de Goiânia, onde os agressores estudavam.
O caso foi denunciado pela mãe de um dos adolescentes agredidos que identificou o filho e seus agressores nas redes sociais. O grupo era comandado por um lutador de karatê e havia um integrante encarregado de filmar todas as agressões e postá-las em sites como Facebook, Instagram e Snapchat sem qualquer preocupação de esconder o rosto dos delinquentes agressores.

Os vídeos fortes foram divulgados nas redes sociais por Marisa Zaiden, 53, doceira e participante de um grupo fechado no Facebook, onde teve acesso às imagens.

Segundo Marisa, muitos sabem de quem se trata, mas ninguém tem coragem de denunciar. “Não tem ocorrência porque é filho de político influente, filho de dono de casa de festas… Muita gente sabe e fica inerte. Eu publiquei e consegui sete mil visualizações para um vídeo e oito mil para o outro. Não me importa filho de quem é. Eu tenho filhos e netos também e quero justiça”, comenta a denunciante.


Quando a mãe do adolescente agredido se manifestou publicamente, o caso ganhou repercussão e chegou ao conhecimento da polícia civil. Um inquérito foi instaurado inicialmente na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA), mas diante da confirmação de que os agressores são também menores de idade a atribuição para investigar foi transferida para a Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai).
“Não havia qualquer motivo para as agressões e tudo leva a crer que eles queriam apenas conseguir fama com a violência gratuita que praticavam contra alunos menores”, comentou outra mãe que viu os vídeos.

Os alunos procuravam sempre adolescentes menores e que não apresentavam maior possibilidade de reação e partiam para a agressão com chutes e tapas violentos. Enquanto um agressor maior partia para o desforço pessoal contra outro menor, um terceiro integrante do grupo de delinquentes filmava tudo para colocar nas redes sociais depois.

“A sequência de golpes violentos é muito mórbida”

A Polícia Civil já conseguiu identificar, com segurança, dois dos agressores e sabe que se tratam de membros de famílias de poder aquisitivo e de influência, mas, extraoficialmente, já se tem a completa identificação dos outros. Sobrenomes conhecidos como Carneiro Vaz, Naziasene e Cesar constam do “pedigree” dos adolescentes que saíam às ruas para agredir estudantes.
“A sequência de golpes violentos é muito mórbida e choca qualquer um”, comentou uma mãe que exige punição exemplar para os agressores. Um pai, que buscava informações na Polícia Civil, na tarde de ontem, disse estar inconformado com os outros pais que não punem e não educam seus filhos, dando liberdade para a continuidade de atos como as agressões.
“Se eu visse um filho meu sendo agredido dessa forma, violenta e injusta, assim teria acontecido uma desgraça, porque eu poderia perder a cabeça e revidar com maior violência em um moleque desses. Afinal, já são crescidinhos e sabem bem que o que estão fazendo é errado, além de já terem corpo para uma correção igualmente violenta”, comentou esse pai.
Os agressores identificados estudam atualmente em um colégio de ponta do ensino médio e deverão receber punição também nessa unidade. O diretor de um outro colégio, um dos mais renomados do Centro-Oeste e destaque em todas as provas do Enem, disse para os estudantes que se algum desses agressores estudasse naquela escola seria sumariamente expulso por não concordar com esse tipo de conduta.

Com a identificação desses agressores e o depoimento das vítimas, o processo poderá ser instaurado. Todavia, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, eles poderão ser condenados a no máximo três anos de medidas sócio-educativas.

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