quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Abuso Sexual na UFG, Duas Versões Completamente Diferentes

Aluna denuncia abuso sexual na Casa do Estudante Universitário da UFG

Aluna diz que sofreu abuso sexual em espaço da instituição - Foto:Reprodução
DIÁRIO DA MANHÃ
GUSTAVO PAIVA
O grupo Comitê de Autodefesa das Mulheres de Goiás, publicou uma carta sobre uma denúncia de abuso sexual que aconteceu na Casa do Estudante Universitário (CEU). O grupo denuncia o descaso de pessoas e das autoridades sobre casos de abusos onde não envolvem penetração, o que aconteceu recentemente com uma aluna da Universidade Federal de Goiás.
De acordo com o relato da vítima, que não quis ser identificada, ela conheceu o suspeito, Tiago M.A., aluno da UFG, em uma festa que aconteceu em sua casa. Os dois teriam mantido um relacionamento amoroso durante um mês, mas então ela começou a namorar outra pessoa. Porém os dois continuaram tendo uma relação de amizade, e no dia 24 de Agosto, eles combinaram de se encontrar no CEU, onde Tiago reside. No local, o aluno teria abusado da vítima, tentando encostar as mãos em suas partes íntimas e beijá-la de forma forçada.
O caso repercutiu nas redes sociais, deixando muitos alunos inconformados com a situação. Ainda de acordo com a vítima, o suspeito apenas pediu desculpas por meio do Facebook, mas ainda não se manifestou, dando sua versão sobre o ocorrido.
A estudante registrou um boletim de ocorrência na polícia e abriu um "Requerimento de Sindicância Administrativa" na reitoria da universidade, pedindo: 
  • Que o departamento jurídico pegue depoimento dos guardas que trabalhavam no local, na noite em questão. 
  • Que sua segurança e integridade física seja garantida nos espaços da UFG. 
  • Que seja aberta uma sindicância administrativa-disciplinar contra o suspeito 
  • Que a instituição encaminhe ofício ao Distrito Policial onde foi registrado o B.O. 
  • Que a Assessoria de Comunicação da universidade elabore materiais para orientar as mulheres da comunidade universitária a como agirem em situações semelhantes.
  • Que sejam tomadas as demais providências legais cabíveis
Leia o relato da estudante divulgado pelo Comitê de Autodefesa das Mulheres
"A estudante conheceu Tiago durante uma festa promovida na casa dela em julho de 2014, e teve um relacionamento com Tiago que durou por quase um mês. No mês de agosto de 2014 ela começou a namorar outro rapaz, no entanto manteve uma amizade com Tiago. No dia 24/09/2014, através do Facebook, ela conversou com Tiago e combinaram de se encontrar na casa do estudante, onde Tiago reside.
Por volta das 19h15, Tiago foi buscá-la a pé, e ainda na porta da casa da vítima ele tentou beijá-la, o que ela recusou. Depois da recusa, ele mudou de assunto e pareceu respeitar a decisão dela. Ambos foram a pé para a Casa do Estudante e ao chegarem no local, Tiago sugeriu que ambos ficassem em um comodo, ao lado da quadra, que fica no pátio da casa.
Adentraram, ambos sentaram em um banco, quando então Tiago começou a passar a mão entre as pernas da estudante, chegando até à vagina, mas não houve penetração. Ela tirou a mão de Tiago, levantou-se e disse novamente que estava namorando e que não queria que ele fizesse aquilo, momento em que Tiago, que estava sentado, abraçou-a pela cintura e ficou passando a mão em suas nádegas, sob o vestido. A estudante disse que iria embora, pois ele estava agindo de maneira inconveniente.
Tiago segurou-a pelo braço dizendo que não iria mais 'fazer aquilo', mas em seguida voltou a abraçar a estudante e tentou beijá-la. Ela deu um passo atrás e Tiago, ainda lhe abraçando, afirmou que ela estava resistindo muito e que se continuasse a resistir teria que dominá-la. Ela sabia que ela não iria conseguir fugir, pois ele é mais forte e é capoeirista, fato que ela considerou uma ameça. Depois disso, Tiago ainda disse que 'você fica muito linda nervosa e eu poderia te bolinar o dia inteiro'.
Em um momento de distração, a estudante conseguiu ligar para seu namorado e pedir para ele buscá-la. Após este fato, Tiago colocou o pênis para fora da calça e se masturbou. A estudante conseguiu sair da casinha abandonada, ao que Tiago a seguiu até metade do caminho e ficou gritando que ela não iria deixar de ser dele"
(O nome da estudante não foi exposto para evitar maiores constrangimentos)
Aluna diz que sofreu abuso sexual em espaço da instituição - Foto:Reprodução

DIÁRIO DA MANHÃ
LUDMILLA MOREIRA
O jovem Tiago (não vamos divulgar o sobrenome para resguardá-lo), acusado de tentar abusar de uma aluna da Universidade Federal de Goiás (UFG), na Casa do Estudante Universitário (CEU), entrou em contato com o DM.com.br e enviou uma resposta com sua versão sobre o ocorrido. 
Tiago falou que a carta assinada pelo Comitê de Auto-Defesa das Mulheres atribuiu a ele um crime "repugnante", que afirmou "repudiar veementemente". Ele enviou junto com a carta, prints de sua conversa com a estudante, que afirma ter sido vítima de tentativa de abuso sexual. 
Tiago informou que as conversas na íntegra serão entregues nos inquéritos acadêmicos e judiciais. Ele afirmou que conheceu a jovem em uma festa na casa dela, e, que na mesma noite, se relacionaram sexualmente, com o consentimento da mesma. O estudante declarou que, desde então, ambos começaram a se encontrar e frequentemente conversavam pelo Facebook, "num tom de carinho e sensualidade". 
Mesmo após o início do namoro da garota, Tiago afirma que as conversas continuaram: "Nós tínhamos um relacionamento virtual muito íntimo e carinhoso, mesmo após o início de seu namoro. Inclusive estávamos combinando um encontro há dias, que só não tinha acontecido por incompatibilidade de horários". 

Confira a declaração de Tiago, na íntegra:

Carta de esclarecimento sobre as calúnias envolvendo meu nome
  "Há alguns dias meu nome passou a ser objeto de burburinhos que atribuíam a mim um crime repugnante, abjeto, que repudio veementemente. Contudo, neste dia 28 de Outubro veio ao público uma carta, assinada por um Comitê de Auto-Defesa das Mulheres onde me acusam, nominalmente, de agredir uma estudante, com o objetivo de satisfação sexual, o que é uma mentira. Para contar esta história eu utilizarei de citações das conversas trocadas entre eu e esta mulher pelo facebook, sendo que os prints seguirão ao final do texto. Eu não mostrarei a foto do perfil da mesma, nem mostrarei seu nome, mas revelarei as iniciais de seu nickname, A.M., para que não fiquem dúvidas sobre a veracidade dos prints. Nossas conversas na íntegra, já devidamente salvas, serão entregues nos inquéritos, tanto acadêmicos quanto judiciais.
  A “denúncia” começa narrando sobre que nos conhecemos na casa dela, numa festa em julho, o que é verdade. Nesta noite transamos, por livre e espontânea vontade, e a partir de então nos encontramos algumas vezes e nos falávamos sempre pelo facebook, num tom de carinho e sensualidade, conforme o diálogo abaixo, do dia 23 de julho:
Ou conforme a fala abaixo, do dia 28 de julho:
O texto da “denúncia” continua dizendo que em agosto ela teria iniciado um namoro com outro rapaz, porém mantendo uma amizade comigo. Ela realmente me contou deste namoro, no dia 23 de agosto, por mensagem no facebook, porém é importante deixar claro quais eram os termos da nossa amizade a partir de então, conforme o diálogo abaixo, do dia 11 de setembro.
Fiz questão de expor este diálogo para que fique claro que nós tínhamos um relacionamento virtual muito íntimo e carinhoso, mesmo após o início de seu namoro. Inclusive estávamos combinando um encontro há dias, que só não tinha acontecido ainda por incompatibilidade de horários.
  Agora, vamos ao dia 24 de setembro. A.M. me procurou pelo facebook, por volta das 18:30hs, conversamos e combinamos de nos encontrar. Por volta das 19:30hs saí da CEU, onde moro, para buscá-la em sua casa, que fica a cerca de 800 metros. Bati no portão, ela saiu e nos abraçamos. Fui beijá-la, mas ela pediu que não fizesse isso ali, já que alguém, ou mesmo seu namorado, poderia ver e lhe causar problemas. Concordei e seguimos em direção à CEU. No caminho ainda fizemos uma breve passagem no DCE da UFG. Por volta das 20:00hs, passamos pela portaria e pela guarita dos guardas e adentramos no pátio da CEU. Nos sentamos numa das mesas ao redor da quadra poliesportiva, que neste momento estava movimentada, com cerca de 30 pessoas participando das partidas de vôlei, conforme tradição na CEU, além de várias outras espalhadas pelas mesas e bancos o pátio. 
Eu sugeri que nos dirigíssemos à casinha que fica do lado da quadra, para que ficássemos mais à vontade. Ela aceitou e fomos pra lá. No momento em que entramos, além de todo o movimento na quadra e no pátio, um pequeno grupo de moradores estava sentado do lado da casa. Ao entrarmos acendemos a luz, que ainda funciona apesar de não ter mais nem uma porta que possa ser trancada no local. Eu sentei em um banco e ela se posicionou, em pé, entre as minhas pernas abertas. Começamos a trocar beijos e carícias, até que ela cruzou os braços e, disse que as coisas tinham mudado, que agora ela estava namorando e não podia fazer isso com ele. 
Neste momento eu a abracei pela cintura, encostando minha cabeça em seu peito, e disse, num tom de ternura, que eu tinha chegado primeiro que este namorado. Ela então se afastou, recompondo suas roupas, no que eu fiz o mesmo. Ela então passou a falar sobre que eu a estava deixando confusa, pois apesar de ela não estar apaixonada pelo namorado ele lhe proporcionava uma suposta estabilidade psicológica-emocional que ela tanto buscava, além de que sua família apoiava demais o romance.
Eu argumentei que ela era meio maluca então, por me procurar já que estava num lance tão sério. Eu disse que não queria atrapalhar o namoro, mas que gostava muito dela e que tivemos uma coisa especial. Neste momento ela voltou, por iniciativa própria, aos meus braços e nos beijamos, falando safadezas. Foi então que seu telefone tocou, ela atendeu e falou por cerca de trinta segundos. Ao desligar me disse que era seu namorado e que ele estava na Praça Universitária lhe esperando. Eu, então, pedi um beijo no rosto como despedida. Ela me beijou e saímos da casinha. Tudo isto durou cerca de 20 minutos. 
_Ao sairmos as pessoas, obviamente, continuavam jogando vôlei, o pequeno grupo sentado do lado da casinha também estava lá e não deixaram de nos notar. Eu parei junto às barras de exercícios para conversar com outro morador que estava se exercitando, enquanto ela, por volta das 20:30hs, normalmente, passou pela guarita dos guardas e pela portaria e foi embora. Ainda na noite do dia 24 de setembro eu lhe enviei uma mensagem (abaixo).
Eis o que aconteceu na verdade. Eu lhes pergunto: este último diálogo se parece com a conversa entre uma pessoa agredida e seu agressor? Como uma pessoa é agredida dentro da CEU, que tem cerca de 200 moradores, com a quadra, que fica a cerca de 6 metros da casinha, movimentada e ninguém vê? Como uma pessoa é agredida na CEU, consegue se desvencilhar, passa pela portaria onde se encontra guardas armados e não pede ajuda? O que realmente está por trás desta denúncia?_
Há alguns meses, o mesmo núcleo de estudantes que agora forjam esta acusação, montaram um falso dossiê contra minha pessoa, onde diziam que eu era um agente secreto enviado pela ABIN para investigar o movimento estudantil. Segundo este dossiê eu seria, inclusive, proprietário de apartamentos em Goiânia, além de uma série de outros absurdos. Na ocasião fizeram reuniões onde convidaram partidos políticos e uma série de coletivos para me “denunciarem”. Neste mesmo grupo congregam pessoas cujo histórico de denúncias fantasiosas, calúnias e desrespeito pela dignidade e honra alheios são famosos.
Dada a situação não vejo outra alternativa que não seja uma ação judicial para que tudo isto seja esclarecido. Não tenho o que temer. A universidade já está ciente e agora é o tempo do processo até que a verdade venha à tona. Peço encarecidamente às amigas e amigos que convivem diariamente comigo na sala de aula, nos corredores da universidade, nos laboratórios do curso, na CEU e nos locais que freqüento rotineiramente que aguardem o desdobramento dos fatos, lembrando como é nossa relação e não caindo nesse jogo absurdo de acusações sem provas e de condenação sem julgamento. Estou deveras preocupado com minha integridade física, já que estes caluniadores estão agindo de forma mais autoritária e sensacionalista que a polícia e a imprensa marrom, expondo meu nome e até fotos do meu rosto, me colocando numa situação extremamente delicada. Porém lhes garanto que não abaixarei minha cabeça e farei de tudo pra continuar com minha rotina acadêmica. Aproveito para agradecer a todas as pessoas amigas que estão me procurando pra manifestar solidariedade.
Goiânia, 29 de Outubro de 2014.
Confira agora os prints da conversa que os dois tiveram um dia após a suposta tentativa de abuso sexual:
Foto:DM/Montagem
Foto:DM/Montagem

Confira também a nota da UFG, que negou ter recebido denúncias sobre o caso de abuso sexual

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