quarta-feira, 9 de julho de 2014

Brasil 1 x 7 : O Dia Que a Esperança Foi Derrotada. Fracasso de 2014 Foi Maior Que a Derrota de 1950

Meus filhos choram, como choram milhões de brasileiros espalhados pelo Brasil. Como explicar tamanha humilhação. No coração de cada brasileiro estava acesa a chama da esperança. Esperança típica de quem nasceu e cresceu ouvindo dizer que o Brasil é o País do futebol. Era, não é mais.

Perder em uma copa do mundo é normal, pois na copa estão os melhores, perder jogando no seu próprio país e dolorido e difícil de aceitar. Agora ser humilhado e goleado em uma semifinal de copa do mundo jogando a copa em casa, não dá pra aceitar como normal, porque normal não é.

Tudo bem, a Alemanha é melhor e venceria o jogo com o Brasil com Neymar ou qualquer outra formação. Isso é aceitável. O que não dá pra aceitar e não dá para explicar para os meus filhos é uma goleada de 7x1.

O Brasil entrou na partida como zebra e a derrota da Alemanha representaria a derrota do futebol. A derrota da organização. A derrota do planejamento. O Brasil não se preparou e não se planejou como deveria para disputar uma copa do mundo no seu próprio país.

Sou, infelizmente, um brasileiro sem sentimentos de torcedor. Os 22 anos vividos como repórter esportivo, cobrindo clubes e seleção, me tiraram do coração o sentimento de torcedor que vai ao estádio ou até mesmo vibra assistindo jogos de futebol.


Mesmo trabalhando com futebol, só percebi, que havia perdido este sentimento em 2002 quando o Brasil conquistou o Penta no Japão e eu estava sozinho no IBC de Seul. Enquanto o Brasil comemorava eu, apenas cumpria sozinho, minha missão no International Brodcast Center. Talvez por estar longe do pais, não fui contagiado pela conquista e triste comemoração foi reduzida a tomar uma meia dúzia de soju (Bebida Alcoólica Coreana feita de arroz). A comemoração só não foi solitária porque lá estava um repórter da Rede Globo, também solitário como eu. Juntos bebemos até o sono chegar. Uma comemoração sem emoção.

De volta ao Brasil percebi que o futebol tinha me tirado o sentimento que move os torcedores, o sentimento da paixão. O sentimento de de emocionar, de sofrer com as derrotas e vibrar com as vitórias. Em 2006 quando o Brasil jogava uma partida decisiva eu passeava com meu filho em um parque.

Em 2010,  reunir a família, comprei camisas para os meus filhos e uma  bandeira do Brasil e assistimos o Brasil ser derrotado pela Holanda. Fiquei feliz ao ver meus filhos chorarem por causa da seleção. Pelo menos eles não haviam herdado o sentimento de indiferença que eu havia contraído ao logo da vida. Não queria e não quero que meus filhos sejam como sou. 

Em 2014, decorrei a casa, compramos camisas e até os levei ao estádio para torcer pelo Brasil. Ao mesmo tempo que incentivei-os a torcer, sempre deixei claro que  o Brasil não tinha a melhor seleção do mundo. Fiquei feliz com a discordância deles. Motivados por Neymar, via na olhos deles a alegria das vitórias e o brilho da esperança de uma conquista que eles tinham como certa.

No jogo contra a Alemanha, ignoraram meus conselhos e avisos de uma provável desclassificação,  no fundo eu sabia que deveria deixa-los sentir toda intensidade de uma partida de copa do mundo. Decidir não ver o jogo e fui para a cozinha preparar os tira-gosto. Fiquei torcendo para estar errado nos meus sentimentos e no fundo apostando em uma zebra, afinal, zebras acontecem no futebol. Mas logo veio a decepção. 

Perder tudo bem, mas perder de 7 não. Foi demais, confesso que não me emocionei em nenhum momento dessa copa, mas fiquei triste com a humilhação sofrida pelo Brasil e ao ver as lágrimas nos olhos dos meus filhos. Não tive coragem nem de consolá-los, afinal que explicação vou dar a eles?

A vitória da Alemanha foi a vitória  do futebol. A vitória da organização, do planejamento. 

A Derrota do Brasil foi a derrota da esperança.





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