terça-feira, 8 de abril de 2014

Pecado Capital: Mino Carta Apoiou a Ditadura e Hoje é Lulo-Dilmista

Em artigo publicado no site de Carta Capital, Mino Carta escreveu que está "farto" e deixou claro que processará as pessoas que "caluniarem" sua biografia. O que motivou a publicação do texto foi a coluna de Demétrio Magnoli na Folha de S. Paulo, que afirma que Carta apoiou a ditadura nos tempos em que trabalhava na Veja.


De acordo com Magnoli, "cada um a seu modo, os grandes jornais acertaram as contas com o próprio passado, oferecendo desculpas (“O Globo”), reconhecendo erros (Folha) ou produzindo revisões circunstanciadas (“Estadão”). Carta optou por um caminho diferente: a camuflagem". O jornalista da Folha insere em seus argumentos o editorial escrito por Carta em 1º de abril de 1970, que, segundo ele, pode ser visto sem grandes dificuldades por meio do acervo digital da revista da editora abril.

"Carta foi quercista quando Orestes Quércia tinha poder (e manejava verbas publicitárias). Hoje, é lulo-dilmista até o fundo da alma. Na democracia, não é grave ter preferências político-partidárias, mesmo se essas (mutáveis) inclinações tendem quase sempre na direção do poder de turno. Mas aquilo era abril de 1970, bolas!", disse Magnoli.

Em sua defesa, o dono da revista Carta Capital disse que "procurar deslizes morais na minha carreira de jornalista é como se Moisés pretendesse separar as águas do Mar Vermelho com uma britadeira. Muitos cometi, e se quiserem pecados, como indivíduo, e me perseguem até hoje. Como profissional de imprensa, não". Para ele, há colegas que não desistem de buscar falhas profissionais em sua carreira. 

No texto, ele conta como era seu trabalho na Veja e relembra que, no final de 1969, a revista foi censurada e retirada de todas as bancas do país. A reportagem de capa falava sobre as torturas durante a ditadura militar, com levantamento e detalhes de três casos de morte. "Graças a uma condição apresentada por mim para aceitar a direção da redação de Veja, eu gozava de notável autonomia: os donos da casa não tinham acesso à pauta e saberiam de cada edição depois da publicação, na manhã das segundas. Na noite de sexta-feira daquela semana agitada, recebemos a informação de que estava proibida qualquer referência às torturas. O fechamento então dava-se aos sábados", explicou Carta, que sugeriu aos criticadores que "se mirem no espelho de suas próprias medíocres vidas de recalcados".

Magnoli, ao fechar seu texto, disse que, para "nossa sorte", os acervos digitais estão aí para quem quiser acessar o conteúdo publicado por Carta na época.

Outras opiniões
Repórter a apresentador da Band, Fábio Pannunzio opinou sobre o assunto e reproduziu na íntegra o texto do colega da Folha de S. Paulo. Para ele, Mino Carta tenta "se livrar da responsabilidade por textos que escreveu e orientou em Veja durante o início do seu potentado como diretor de jornalismo".

"Na réplica a Magnoli, Carta, como de costume, põe o ponto inicial da história no período que se seguiu à eleição de Geisel, de 74 em diante, quando de fato Veja inicia um movimento de distanciamento do governo dos generais. Sobre tudo o que se passou no período mais obscuro e cruento da ditadura militar, Mino Carta se cala para não ter que explicar as loas que ele e a Revista Veja teceram ao regime".

Pannunzio ofereceu a Carta o texto como "matéria-prima para sua investida judicial contra 'detratores'". "Não creio que ele irá adiante na empreitada porque é ridiculamente fácil provar que Mino escreveu o que escreveu. Embora ele negue, está tudo no arquivo digital de Veja, que é público e está à disposição de todos — até dele próprio, Mino Carta, que bem poderia nos ajudar a encontrar qualquer texto de sua lavra com críticas à ditadura militar brasileira anterior à reportagem sobre a tortura".

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