domingo, 25 de março de 2012

Sport X Náutico: FIFA se Rende ao Clássico de Maior Rivalidade do Brasil


Finalmente a FIFA se rendeu a uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro e um dos mais tradicionais clássicos do Brasil. Mas isso não aconteceu por acaso e sim pelo grande número de votos que o clássico dos clássicos recebeu em uma enquete da FIFA para saber qual seria o clássico de maior rivalidade do futebol brasileiro. A FIFA ainda não divulgou o resultado oficial, mas Sport e Náutico foi o mais votado. No dia em que o futebol brasileiro tem os maiores clássicos do país, o clássico dos clássicos é destaque na  página principal do site da FIFA.


 Com protagonistas nem tão laureados como os clubes do Rio de Janeiro ou de São Paulo, por exemplo, o duelo entre Náutico e Sport é, ainda assim, orgulhosamente conhecido no Recife como o "Clássico dos Clássicos". O mais desavisado pode achar um exagero. Mas, quando você tem mais de 100 anos de história e mais de 400 jogos em seus registros  – e há levantamentos que falam até em mais de 500 duelos –, fica bem mais difícil contestar essa denominação. 

Diante de tamanha tradição, considerando que as partidas entre esses dois gigantes nordestinos são realizadas numa região afastada do principal eixo econômico do país e sediadas em seu apenas nono munícipo mais povoado, esse duelo em particular ajuda a justificar a caracterização do Brasil como o "país do futebol". Ainda mais se levarmos em conta que os torcedores do Santa Cruz, a outra força da capital pernambucana, certamente teriam um ou outro pitaco a acrescentar nessa conversa. 
As origens

Quando o estudante Guilherme de Aquino Fonseca repetiu os passos do pioneiro do futebol brasileiro, Charles Miller, ao retornar da Inglaterra com dois conjuntos completos de uniforme, bolas e chuteiras, ele foi decisivo não só para divulgar o esporte no Recife, mas como criava involuntariamente o terceiro clássico mais antigo do Brasil (apenas o Vovô, entre Botafogo e Fluminense, e o Gre-Nal, entre Grêmio e Internacional, começaram antes). 

Aquino procurou, em 1905, o Clube Náutico Capibaribe para saber se estariam interessados em introduzir o futebol em suas atividades. A idéia não foi acolhida. No fim, ele decidiu fundar o seu próprio clube, o Sport Club do Recife. Não demorou muito para que os gols despertassem o interesse dos moradores da capital pernambucana, que caíssem na boca do povo. Em 1909, então, os atletas do Náutico já tinham seu próprio time e estavam preparados para fazerem fazerem sua estreia. Contra quem? O Sport, claro. 
A primeira partida foi realizada no dia 25 de julho daquele ano, e os novatos venceram por 3 a 1, no campo do British Club. Bem apropriado o nome: ainda sob forte influência inglesa, as posições também se dividiam em goal keepersfull backs etc, e os jogadores desempenhavam múltiplas funções. O centroavante Rolland Maunsell, que havia feito dois pelo Náutico, chegou a trocar com o goleiro King.  
Curiosidades

Quatro centenas de jogos são mais que suficientes para se construir uma rivalidade. Quando um time é derivado do outro, há elementos de sobra, então. 

Nesses confrontos, o Sport leva uma ligeira vantagem no número de vitórias. Em termos de conquistas, o Leão também está à frente tanto em âmbito nacional como no regional, em que conquistou 39 vezes o Campeonato Pernambucano, contra 21 do adversário. O Timbu, todavia, passou a disputá-lo mais tarde, vencendo-o pela primeira vez em 1934, quando o rival já tinha sete troféus.
Os dois times alternaram períodos hegemônicos no estado. A maior sequência de títulos obtida foi o hexacampeonato do Náutico entre 1963 e 68 (de modo invicto em 1964 e 68). Nessa época, em 1965, o time aplicou a maior goleada sobre o oponente em uma final do Pernambucano: 5 a 1. Para piorar, o Sport foi vice-campeão durante toda essa sequência, culminada com uma derrota sofrida na prorrogação no dia 21 de julho de 1968. 
O Sport, do seu lado, nunca levou seis taças em série, mas já foi pentacampeão em duas ocasiões: de 1996 a 2000 e de 2006 a 2010. E pode dizer que bateu o rival em 17 de 25 duelos diretos em decisões, incluindo a de 2010. 
Alguns dos grandes jogadores que participaram dessas batalhas nas duas arenas são Ademir Menezes, artilheiro no Brasil 1950, Vavá, Dario Maravilha, Zé Maria, Manga eJuninho Pernambucano, pelo Sport, e os irmãos Carvalheira (Zezé, Artur e Fernando), Manoelzinho, Bita, Marinho Chagas e Jorge Mendonça pelo Náutico.
Os palcos, em tempo: o Sport tem na Ilha do Retiro, que foi sede da Copa do Mundo da FIFA Brasil 1950, um dos caldeirões mais temidos do continente, enquanto o Náutico manda seus jogos no Estádio dos Aflitos, nome que também serve de recado para os visitantes – isso vale até 2013, quando passará a jogar na Arena Pernambuco, em construção para a volta da Copa do Mundo da FIFA ao país em 2014. Mas, por ironia, foi o Arrudão, casa do Santa Cruz, a receber o maior público do "Clássico dos Clássicos": em 1988, 80.023 pessoas assistiram a um triunfo do Sport por 2 a 0. 
Na atualidade

Náutico e Sport vêm proporcionando a seus torcedores alguns jogos alucinantes nos anos recentes. Nas últimas cinco partidas, foram 20 gols marcados, incluindo a vitória do Leão por 4 a 3, na Ilha do Retiro, no dia 29 de janeiro. Nas últimas dez partidas, foram quatro triunfos do Sport, três do Náutico e três empates. São jogos que seguem o exemplo do confronto que marcou o centenário do clássico em 2009, com um empate por 3 a 3, com muitas reviravoltas, pelo Brasileirão. Naquele ano, os dois clubes seriam rebaixados. Em 2012, a dupla voltou, junta, à elite nacional para aumentar as estatísticas e somar mais histórias nesse confronto secular



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